terça-feira, 2 de junho de 2009

Voo AF 447: perdidos num deserto de água

Acerca do que houve, no dia 1 de Junho de madrugada, sobre o Atlântico, pode apenas especular-se. De uma zona em que a trajectória não é monitorizada, em terra, um avião de longo curso lançou uma mensagem automática de alerta. Depois, o silêncio.
Sabe-se que o voo AF 447, que saíra do Rio de Janeiro em direcção a Paris, transportando 216 passageiros e 12 tripulantes, enviou uma mensagem automática, reportando um curto-circuito e problemas de despressurização da cabina, quatro horas após a descolagem (por volta das três da madrugada, em Portugal). Sabe-se que tudo isto ocorreu numa área onde a instabilidade meteorológica é constante -Frente Inter-Tropical (FIT), uma linha de trovoadas carregada de gelo e electricidade -, sabe-se que o aparelho, que não aterrou em qualquer sítio, esgotou, inevitavelmente, o combustível que transportava. Mas não se sabe o que efectivamente aconteceu. Nem onde. Muito menos porquê.
Normalmente, por radar, os pilotos detectam essas formações de cúmulo-nimbos - FIT -, desviando-se, "sem fugir muito da rota". "Certamente foi isso que o piloto fez". De resto, entra tudo no campo da especulação. Supõe-se que um relâmpago possa ter atingido o aparelho, mas isso é algo que acontece frequentemente, sem causar quaisquer problemas. Um avião como o A330 está equipado com sistemas que tornam as descargas eléctricas externas inofensivas - "a electricidade escoa-se e não afecta nada nem ninguém no avião" -, mas a verdade é que nada é infalível.
Onde pára, então, o A330? Só se os sinais fossem recebidos em terra, o que não sucede naquela zona, aparelhos como o "transponder" serviriam para o localizar. Isto porque, embora os aviões usem sistemas de navegação por satélite, recebendo informação, não transmite em sentido contrário, de forma a que o trajecto seja monitorizado em terra. Só elementos que flutuem, de manchas de óleo a coletes salva-vidas, permitirão detectar o local do desastre.

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